Recentemente, a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) organizou a reunião de entidades e organizações em torno da campanha “Seja responsável. Não acuse sem checar”. A Alright também integrou o projeto que começou no intuito de combater as mentiras, boatos e a circulação de desinformação durante a crise das enchentes no Rio Grande do Sul. A proposta dessa campanha foi disseminar mensagens de impacto que incentivassem a educação midiática dos cidadãos, ajudando a evitar a propagação de boatos.
As peças foram veiculadas em diversos canais de comunicação, com o objetivo de estimular o público a refletir e verificar informações antes de compartilhar conteúdos como cards, vídeos, mensagens e áudios. Com o impacto positivo das ações, a Aner optou por continuar a mobilização para outras ações de combate à desinformação, com destaque para o papel da imprensa e do jornalismo.
Nesta entrevista, Regina Bucco, diretora-executiva da Aner, fala sobre o papel da Associação no combate à desinformação, a importância da imprensa na verificação de informações e o impacto da regionalidade no jornalismo.
Ela acredita que, ao abordar o jornalismo regional, é possível promover a união de vozes como forma de abrir espaço para mais reconhecimento. Regina também trata sobre a importância da educação e da colaboração entre diferentes atores do ecossistema para acabar com os desertos de notícias, além de estimular a aproximação entre os agentes públicos e a iniciativa privada para “promover a clareza, reforçar a credibilidade e combater as mentiras que destroem vidas e comunidades”.
Além das campanhas públicas, quais medidas a Aner tem adotado para capacitar seus associados no combate à desinformação?
Desde o início da nossa gestão, temos promovido formas de engajar e estimular o networking, compartilhamento de experiências entre os associados. Já estamos chegando ao 100º. Café com Aner, um formato em que convidamos especialistas de diversas áreas para conversar com os publishers, apresentar suas soluções, novidades tecnológicas, pensar o contexto e os desafios.
Nos Cafés, que são sempre gratuitos e abertos a todos, nós trabalhamos com o que é essencial no jornalismo: a credibilidade e o profissionalismo. Acreditamos na colaboração como uma forma de fortalecer os publishers e todo o segmento, inclusive no combate à desinformação.
De que maneira a Aner tem promovido a inclusão de vozes e perspectivas regionais em suas campanhas e ações de combate à desinformação?
Acreditamos muito na força das comunidades na difusão do jornalismo regional. Temos associados que são importantes nas regiões onde atuam e ficamos orgulhosos de mostrar e propagar o que é feito por eles, através das nossas publicações no site, nas redes e nas newsletters.
Promover a união de vozes regionais é uma forma de abrir espaço para que possam ser conhecidas. A inclusão de frases, expressões e vozes regionais nas campanhas é uma forma de aumentar a identificação do público dessas localidades e gerar empatia com a causa do jornalismo profissional. Não dá pra engajar naquilo com que não nos identificamos.
Quais são as expectativas da Aner em relação ao papel dos associados na disseminação de informação verificada e de qualidade, especialmente em um ano tão desafiador para o trabalho da imprensa com o processo de eleições municipais?
Temos uma preocupação muito grande em combater a mentira tanto analógica como digital. Os associados da Aner sabem da responsabilidade que têm ao informar o público. As informações e as fontes são checadas, como todo jornalismo profissional de qualidade deve fazer.
Quais são os principais benefícios que a Aner observa no trabalho em rede e de colaboração entre mídias regionais digitais, entidades representativas do setor, órgãos públicos e organizações parceiras?
Quando as entidades e órgãos regionais se unem, o ambiente de produção de conteúdo se torna muito mais saudável, diverso e rico em experiências, porque ampliamos o leque de pontos de vista sobre os mesmos fatos. Isso leva a uma informação de credibilidade, fruto de um trabalho sério e ao princípio do contraditório, que é tão bonito na democracia e na imprensa.
Ouvir todos os lados envolvidos na situação gera informação de qualidade, com diversidade, mais informação. Compartilhar experiências, colaborar com novas ferramentas, novos formatos e modelos de negócio facilita esse trabalho.
Quais estratégias a Aner acredita que possam ser adotadas pelas entidades para superar a questão dos desertos de notícias, desafio tão grande para o trabalho da imprensa em todo o país?
Acreditamos muito no potencial da educação, da troca de informações e da colaboração como antídoto para os desertos de notícias. Debates, união de forças em prol de um objetivo, cursos, campanhas conjuntas de difusão de notícias de credibilidade são algumas das opções.
Se pudermos ocupar espaços e ajudar as mídias regionais a sobreviver com laboratórios de negócios, estimulando o cuidado com a marca e as mídias proprietárias, mostrando como ganhar dinheiro com conteúdo, fortaleceremos as empresas regionais e ajudaremos a destacar a importância do jornalismo regional para a comunidade e para a democracia.
Quais são os próximos passos planejados pela Aner para continuar fortalecendo o papel da imprensa e combater a desinformação?
A Aner está investindo em parcerias de educação continuada com universidades, faculdades e organismos internacionais com o objetivo de trazer o que há de melhor em termos de preparo para as empresas e seus funcionários, colaboradores. Em breve teremos novidades. Além disso, entendemos que é importante essa aproximação com o poder público para combater a desinformação, juntos. É papel de todas as instituições, sejam públicas ou privadas: promover a clareza, reforçar a credibilidade e combater as mentiras que destroem vidas e comunidades.