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Por que Jornalismo e Publicidade dependem um do outro. E isso é bom

A publicidade é fundamental para o financiamento do jornalismo. A relação problemática surge quando o conteúdo editorial é comprometido pela influência publicitária, especialmente em mercados locais e regionais dependentes de verbas governamentais.

Por que Jornalismo e Publicidade dependem um do outro. E isso é bom

A publicidade é fundamental para o financiamento do jornalismo. A relação problemática surge quando o conteúdo editorial é comprometido pela influência publicitária, especialmente em mercados locais e regionais dependentes de verbas governamentais.

Deveria ser óbvio, mas nem sempre é.

A publicidade paga a conta para o jornalismo existir. Ponto. 

Há duas exceções: assinaturas doações. Feliz ou infelizmente, são exceções.

A esmagadora maioria das empresas editoriais jornalísticas depende mesmo é da publicidade para pagar suas contas. É assim hoje, foi assim desde os primeiros veículos de comunicação pública da iniciativa privada. É parte da história da livre imprensa e do capitalismo.

Mas não há nenhum mal intrínseco nisso. O problema nasce na promiscuidade. É quando o editorial se vende pela verba publicitária.

Aí o jornalismo deixa de ser jornalismo e vira publicidade. Neste caso, nem jornalismo é jornalismo, nem publicidade é mais publicidade.

Essa promiscuidade não é regra, mas não podemos dizer também que é uma rara exceção. Acontece em todo lado, em todos os mercados e em todos os países.

Mas é nos mais frágeis mercados locais e regionais onde ela mais ocorre, porque os veículos de comunicação aí acabam por depender, às vezes umbilicalmente, das verbas dos governos sob os quais operam e onde operam.

No caso dos veículos de comunicação que trocam publicidade por parcialidade política comercial, onde o editorial tem preço e onde ele é vendido como mercadoria, acontece o que eu já disse aqui: publicidade deixa de ser publicidade e o jornalismo deixa de ter a idoneidade, que é sua alma, para se chamar outra coisa que bem sei o nome.

Não há mal algum em editorialmente falar bem ou mal da administração pública e do poder. Ou da política. Aliás, muito pelo contrário: essa é exatamente uma das mais relevantes e livres funções do jornalismo.

O jornalismo só não pode fazer isso comercializando sua autoridade seu nome.

Entendo e me solidarizo com a fragilidade empresarial, financeira e comercial das empresas de jornalismo local e regional. Entendo que têm que pagar suas contas. Entendo que têm que pagar seus funcionários. Entendo que, por vezes, sem as verbas oficiais, muitas dessas organizações, empresas e origens editoriais nem existiriam.

Esse é o preço a pagar? Muitas vezes a dura realidade é que sim.

Mas saiba enfaticamente quem me lê que esse não é, de forma alguma, um beco sem saída, uma solução imperiosa ou uma inevitável decisão do destino e da vida profissional e empresarial do jornalismo governo-dependente. Não é absolutamente nada disso.

E aqui vou dividir em dois: quem vive muito bem obrigado assim e quem se indigna com isso e quer mudar.

Quem vive muito bem assim, pode saltar já deste texto para outros bem interessantes aqui da AuroraNews. Não vai haver mais nada de interessante para você desta linha em diante.

Para quem quer sair dessa enrascada, seguem algumas orientações que, longe de milagrosas, podem ser úteis:

força das entidades que apoiam o jornalismo independente – há várias Brasil afora. Aqui na AuroraNews já publicamos conteúdos sobre inúmeras delas. Elas fomentam práticas e muitas têm acesso a recursos que ajudam, somam e dão o respaldo necessário e, muitas vezes, suficiente para garantir a independência editorial da sua empresa, do seu blog ou da sua coluna.

diversificação das suas fontes de receita… vamos a algumas delas:

  • Redes sociais podem ser fonte de receita
  • Eventos comercialmente apoiados pelo varejo local em datas e efemérides regionais podem ser fonte de receita
  • E-commerce em parceria com plataformas prontas de varejo online podem ser uma forma alternativa de receita
  • Uma área comercial melhor treinada (entidades ajudam nisso) pode buscar outras e diversificadas fontes de receita
  • Buscar a cooperação comercial conjunta com outros círculos editoriais regionais com o mesmo problema pode ser uma nova forma de receita incremental
  • Mídia programática é também uma fonte adicional de receita, se você ainda não usa
  • Buscar tecnologias gratuitas na internet que otimizem ou até reduzam seu custo de produção (a Inteligência Artificial ajuda hoje muito nisso) é uma forma de rentabilizar o seu negócio.

Mas, de todas, a mais importante é sua determinação editorial e política de sair desse ciclo vicioso. 

Não posso garantir que só isso baste. Mas garanto que, sem isso, nunca.


Iniciativas de checagem de fatos fortalecem o Jornalismo brasileiro e global

Por que Jornalismo e Publicidade dependem um do outro

No contexto brasileiro, as iniciativas de checagem têm ganhado cada vez mais relevância. Jornalistas, comunicadores, representantes de veículos e pesquisadores atuam diariamente na criação, fortalecimento e divulgação de ações que são fundamentais no enfrentamento à disseminação de desinformação. Assim como no período pandêmico e nas mais recentes eleições gerais, os contextos de crise e de grande engajamento social são terreno fértil para a observação do fenômeno.

Isso não é diferente a nível internacional, considerando os projetos que atuam em redes de colaboração, estabelecem parâmetros e mapeiam organizações jornalísticas que defendem a qualidade da informação como valor inegociável.

As iniciativas de checagem existentes no Brasil e no mundo são múltiplas. O serviço chamado também de fact-checking consiste na verificação minuciosa e imparcial de informações divulgadas na mídia, seja em notícias, redes sociais ou quaisquer outros meios de comunicação. Muitas dessas organizações focam no jornalismo local. Para isso, com base em pilares históricos e nas exigências contemporâneas de transformação de processos e práticas, os projetos desempenham uma retomada da força e credibilidade da atividade junto aos públicos, o que também define essas ações como instrumentos de educação midiática.

Um debate importante que levantamos na Aurora News é justamente o enfrentamento à situação de vulnerabilidade de áreas geográficas e comunidades que carecem de cobertura jornalística local, confiável e dedicada a garantir o direito à informação. Características dos chamados desertos de notícias, o que resulta em problemáticas sociais graves como menor participação social, falta de transparência governamental e reverberação da sensação de isolamento.

Essas comprovações aparecem em pesquisas e dados como, por exemplo, no Atlas da Notícia (https://www.atlas.jor.br/). E é exatamente o jornalismo local, o responsável por reduzir em 8,6% os desertos de notícias no país, ainda de acordo com dados do Atlas.

Para colaborar com esse debate, nesta edição da Aurora News trazemos o exemplo de dois projetos e o relato de como eles fazem a diferença na atividade prática: Projeto Comprova, nacional, e o internacional The Trust Project com o Projeto Credibilidade.

Projeto Comprova funciona de forma colaborativa. Nas informações do site (https://projetocomprova.com.br/) constam que são reunidos jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros “para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens”. Sob liderança da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o Comprova não tem fins lucrativos.

“Agências de checagem cumprem esse papel e a gente divide esforços, pois acreditamos que produzir notícias, informações e serviços para nossa audiência é um jeito de combater a desinformação”. É a opinião do cofundador e diretor da Agência Mural, Anderson Meneses. Ele contou para a Aurora News que a participação da agência de notícias em projetos junto ao Comprova, Agência Lupa e outras iniciativas foram fundamentais para ampliar a credibilidade do jornalismo local que ele e a equipe desenvolvem.

A Mural é definida como uma “agência de notícias, de informação e de inteligência sobre as periferias das cidades da grande São Paulo, entendendo esses territórios a partir da área geográfica estendida além do centro do poder político-econômico paulistano e que alcança os 38 outros municípios da região metropolitana”. Entre 2021 e 2022, a equipe esteve envolvida diretamente em projetos de checagem, produzindo relatórios de verificação e levando educação midiática para moradores.

Com o Projeto Comprova, Anderson explica que o aprendizado rendeu experiências para o entendimento do caminho que as fake news fazem até chegarem aos moradores das comunidades e os desafios para conclusão de um processo de verificação, aplicação de técnicas e o combate aos efeitos da desinformação. Eles ainda participaram de uma parceria com a Agência Lupa em um projeto com financiamento da Meta.

“Nós criamos grupos de WhatsApp com moradores e a presença de jornalistas locais. Lá eram enviadas as fake news e os jornalistas entravam em contato com os moradores para dar início ao passo a passo de uma verificação: a pesquisa, as origens do conteúdo, quem procurar para checar e como devolver essa checagem seguindo critérios internacionais”, relata. A Agência Mural apurou, em pesquisa realizada com 300 moradores, que 95% deles afirmaram saber identificar uma desinformação depois do projeto.

Atualmente a Agência Mural integra também o Trust Project – Projeto Credibilidade, parceria que começou em 2021. Mais ligado ao trabalho de produção jornalística, o projeto se apresenta com dois objetivos principais: “refletir sobre a fragmentação da narrativa noticiosa no meio digital e desenvolver ferramentas e técnicas para identificar e promover um jornalismo confiável e de qualidade na internet, distinguindo-o do ruído”.

The Trust Project, como consta no site (https://www.credibilidade.org/), desenvolve padrões de transparência que ajudam as pessoas na avaliação da qualidade e da credibilidade do jornalismo. 

Desde maio de 2021, o Trust Project atua diretamente no Brasil com lideranças dos jornalistas Francisco Rolfsen Belda e Angela Pimenta. “Entre 2016 e abril de 2021, o Projeto foi realizado através do Projeto Credibilidade, também coordenado por Belda e Pimenta e executado através de uma parceria entre o Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo  (Projor) e o Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp)”.

Como integrante dessa rede, Anderson Meneses, acredita no jornalismo mais fortalecido para as batalhas em uma missão comum de ter os direitos de todos os cidadãos respeitados e as vozes com espaço de representação.  Para ele, as redes internacionais como o Trust Project têm duas importantes definições: garantir que o jornalismo local siga padrões reconhecidos internacionalmente e a pontuação destas organizações e comunidades junto ao olhar das plataformas e no impulso à manutenção dos negócios digitais. “Com isso, se fortalece o ecossistema e a nossa democracia”.

O Sistema de Indicadores de Credibilidade do Trust Project é apresentado como “uma série de declarações padronizadas sobre os princípios éticos e de conduta seguidos por organizações noticiosas. Eles incluem protocolos de apuração e edição e o histórico profissional de jornalistas que estão por trás das notícias”.

O Manual de Credibilidade pode ser acessado em: https://www.manualdacredibilidade.com.br/indicadores

O dever do jornalismo na produção e difusão de informação de qualidade permanece. Com essa preocupação, a Alright opera para fortalecer comunidades em torno de veículos de comunicação locais e especializados, incentivando também o combate à desinformação e iniciativas de checagem. O jornalismo ganha aliados e o debate público é convocado a se pautar em dados, verificações e compromisso com a qualidade. 


3 É DEMAIS

Três notícias ou conteúdos importantes, que você pode não ter lido. 

  1. A UE aprovou uma legislação para regular a IA. Críticos e empresas discutem os avanços da responsabilidade na utilização da IA. Mais detalhes.
  2. Retirada do Projeto de Lei das fake news da pauta da Câmara dos Deputados BR. Incertezas sobre regulação das plataformas no país. Entenda.
  3. “Arriégua! Ói as fake news: manual de checagem nordestina” e “Ê caroço as fake news: manual de checagem nortista”. Manuais elaborados com linguagem regional (Nordeste e Norte). Acesso aqui.



Prepare-se para uma live especial no dia 18/04 em parceria com a Lupa!

Tema: O PAPEL DO JORNALISMO LOCAL NO COMBATE À DESINFORMAÇÃO.

Quando: 18/04, às 10 horas.

Descubra as melhores práticas e ferramentas para prevenir e combater a disseminação de informações falsas. Faça agora sua pré-inscrição clicando neste link e garanta seu lugar exclusivo.


Organizações de jornalismo local conhecem programa de indicadores de qualidade do Projor de forma exclusiva na Tertúlia da Alright

O lançamento de um novo programa do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), pelo Atlas da Notícia com apoio da Google News Initiative, foi apresentado em primeira mão para produtores de conteúdo de veículos de jornalismo local no dia 11 de abril. O encontro aconteceu na Tertúlia da Alright, um bate-papo com a condução do Fundador, Domingos Secco, e contou com parceiros de todas as regiões do país. 

Apresentado por Sérgio Lüdtke, presidente do Projor, o programa tem objetivo de distinguir veículos de comunicação digital que estão em conformidade com 11 indicadores de compromissos com o público e com o jornalismo de qualidade. Serão orientações que reforcem os elos de confiança no jornalismo e incentivem a produção de conteúdos baseados no rigor, na precisão e no interesse público, adiantou Sérgio.

“O programa tem a visão dessa necessidade de ação múltipla e com vários atores que possam ter indicadores claros e contribuam com a qualidade do jornalismo, com essa responsabilidade de apontar caminhos de sobrevivência aos veículos locais, evitando que estes sejam reféns dessa busca por cliques e audiência”, disse.

Para os negócios locais de jornalismo, Domingos Secco, Fundador da Alright, acredita que as mudanças no mercado de mídia e distribuição de informação devem ser encaradas com alto investimento em tecnologia e segurança informacional. “Precisamos entender de inovação e de como conduzir o relacionamento com os consumidores de conteúdo. Além disso, um caminho importante é essa colaboração entre os veículos locais que seguem princípios dos modelos de negócios que estão dando certo”. 

Nesse sentido, ele destacou que este ano a Alright endereça esforços na distribuição do “Guia Alright 2024: Como Transformar Tendências em Ações”, uma publicação com 12 capítulos que tratam dos desafios de negócio, operacionais e de mercado, voltada ao jornalismo local. Segundo o Atlas da Notícia 2.0, produzido pelo Projor, mais da metade dos municípios brasileiros são desertos de notícia. Dessa forma, o Guia funciona como ferramenta pioneira na indústria de comunicação e marketing do Brasil e deve reforçar ações como as que estão sendo anunciadas pelo Projor. Acesse o guia.


Alright organiza live para apresentar sua nova proposta de valor para acabar com os desertos de notícias

No dia 24/04, quarta-feira, às 10 horas, a Alright vai realizar uma live especial para apresentar a sua nova proposta de valor para o mercado: como transformar os veículos locais em poderosos Oásis de Notícias.

Em nosso país, cerca de 26 milhões de pessoas estão sem acesso a notícias locais, já que 2.712 municípios não têm nenhum meio de comunicação na região. Isso é um problema sério. Estes desertos de notícias prejudicam o desenvolvimento econômico local, ampliam a disseminação de notícias falsas e calam iniciativas sociais. 

Mas você que possui um veículo local pode transformar esse cenário!

Fique ligado em nossas redes para saber mais sobre essa live!

Pyr Marcondes

Pyr Marcondes

Senior Partner @ Pipeline Capital, Founder CEO da Macuco Tech Ventures, investidor, advisor, autor e palestrante.

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