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A quem interessa a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo?

Ao considerar a regulamentação de uma profissão, é crucial refletir sobre os motivos que justificam essa necessidade. Questões como a segurança das vidas humanas, a proteção do convívio social e a preservação da integridade e imagem de indivíduos e instituições são centrais nessa análise. As autoras deste artigo defendem que uma boa formação é essencial para evitar que práticas imperitas coloquem em risco a sociedade.

A quem interessa a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo?

Imagem de um diploma de jornalismo enrolado ao lado de uma seringa e um frasco de vacina. No frasco, está escrito "JOURNALISM" com uma grafia incorreta "JOURNALISM", seguido de "PROFESSIONAL DOWNLOAD" e "2024-VACCINE". A seringa também contém o termo "JOURNALISM". A imagem sugere simbolicamente que o jornalismo pode ser visto como uma "vacina" ou uma forma de cura/proteção, talvez contra desinformação ou ignorância.
Ao considerar a regulamentação de uma profissão, é crucial refletir sobre os motivos que justificam essa necessidade. Questões como a segurança das vidas humanas, a proteção do convívio social e a preservação da integridade e imagem de indivíduos e instituições são centrais nessa análise. As autoras deste artigo defendem que uma boa formação é essencial para evitar que práticas imperitas coloquem em risco a sociedade.
Imagem de um diploma de jornalismo enrolado ao lado de uma seringa e um frasco de vacina. No frasco, está escrito "JOURNALISM" com uma grafia incorreta "JOURNALISM", seguido de "PROFESSIONAL DOWNLOAD" e "2024-VACCINE". A seringa também contém o termo "JOURNALISM". A imagem sugere simbolicamente que o jornalismo pode ser visto como uma "vacina" ou uma forma de cura/proteção, talvez contra desinformação ou ignorância.

Quando analisamos uma regulamentação profissional , cabe perguntar: quais os motivos para o exercício profissional regulamentar determinado?

Tais profissionais colocam vidas em risco se exerceram a profissão com imperícia? Colocam o convício social em algum tipo de risco em função de mau uso dos atributos profissionais? Ameaçam a integridade e imagem de pessoas, coletivos ou instituições? Tais profissionais necessitam de formação em preceitos éticos para o exercício de suas habilidades e competências?

No que diz respeito ao exercício profissional do jornalismo, a resposta é um contundente sim para todas as perguntas acima, senão vejamos alguns aspectos.

Tais profissionais colocam vidas em risco se exerceram a profissão com imperícia?  De inúmeras maneiras, a prática incorreta do jornalismo coloca vidas em risco, ou, pelo contrário, salva vidas.

Exemplo clássico foi o período da pandemia Covid-19. Em primeiro lugar, destacamos a prática correta dos órgãos de imprensa brasileira quando fizeram o consórcio de empresas para compilarem os dados da pandemia após o Ministério de Saúde de então ter paralisado a divulgação dos dados epidemiológicos da Covid-19 consolidados.  

Do outro lado, ainda na dimensão de vidas em risco, o incorreto exercício profissional coloca sim vidas em risco.

E, no período da pandemia Covid-19, o principal fluxo de desinformações partiu exatamente dos veículos apócrifos (e até hiperapócrifos), como nos relatou a pesquisadora Raquel Recuero, em entrevista de 2021. 

E é sabido que os veículos apócrifos tiveram um crescimento facilitado após a quebra da exigência do diploma superior de jornalismo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) há 15 anos no fatídico 17 de junho de 2009. Dia que  foi a cereja do bolo do alvorecer da era da desinformação – quando o cidadão sente-se desamparado das esferas de mediação social.

Enquanto jornalistas profissionais, docentes e pesquisadoras de jornalismo e também enquanto dirigentes da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (ABEJ), entidade que desde o princípio tem sido parceira da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) na defesa do diploma de jornalismo, retomamos aqui um dos pontos  elencados pelo nosso colega de ABEJ, Edson Spenthof em artigo no Observatório da Imprensa [Acesse aqui] em 2023: a fake news da liberdade de expressão embasou o julgamento do diploma no STF. 

Isso posto, a não exigência do diploma superior para o exercício profissional do jornalismo interessa a todos os grupos e setores que se beneficiam dos processos de desinformação, pois as bolhas de desinformação são exatamente alimentadas majoritariamente pelos veículos apócrifos, os quais, por sua vez, estão solidamente sustentados na não obrigatoriedade do diploma.

Afinal, a pergunta não é nem mais se qualquer um/a pode produzir notícia, mas a constatação  de que o diploma profissional em jornalismo é uma vacina, sim, para o combate à desinformação.

As autoras

Dione Moura 

Professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB); Diretora Regional Centro-Oeste da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (ABEJ)

Marluce Zacarioti

Professora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT); Presidenta  da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (ABEJ)

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