O que se chama de jornalismo ambiental desempenha um papel crucial na cobertura jornalística de eventos climáticos extremos, como as enchentes que estão afetando fortemente o Rio Grande do Sul (RS), ao sensibilizar a sociedade sobre as causas e consequências desses eventos. Nesse contexto, um olhar cruzado entre o jornalismo e a educação ambiental propõe diretrizes para a cobertura jornalística eficaz e a promoção de ações sustentáveis em resposta a esses desafios.
Para o jornalismo ambiental, é importante investigar as causas dos eventos climáticos, como mudanças climáticas, desmatamento ou infraestrutura inadequada. Também é essencial amplificar as vozes das comunidades afetadas, dando destaque às suas experiências, necessidades e possíveis soluções.
A jornalista e educadora ambiental, Ruthy Costa*, reuniu algumas dicas e sugere uma comunicação aberta com gerenciamento cuidadoso da carga emocional, com apoio mútuo entre colegas para evitar danos aos profissionais do jornalismo, principalmente aqueles que lidam profissional e pessoalmente com os casos que são exatamente os jornalistas locais.
Jornalismo
Investigar causas e responsabilidades: Os jornalistas podem investigar e reportar as causas subjacentes dos eventos climáticos, como o papel das mudanças climáticas, desmatamento ou infraestrutura inadequada.
Amplificar vozes das comunidades afetadas: É essencial dar voz às comunidades locais impactadas. A pluralidade de vozes para além das fontes oficiais é fundamental.
Promover ação e soluções: Além de relatar os problemas, o jornalismo deve destacar soluções. Ele é urgente no contexto ambiental.
Educação Ambiental
Promover comportamentos sustentáveis: Oferecer orientação sobre como indivíduos e comunidades podem se preparar melhor para eventos climáticos extremos e adotar práticas mais sustentáveis para mitigar tais consequências.
Incluir nas políticas e práticas: A educação ambiental pode influenciar políticas públicas e práticas comunitárias, fortalecendo a resposta e a preparação para eventos climáticos extremos e, principalmente, ações práticas de preservação ambiental e sustentabilidade.
Nomenclaturas a serem evitadas ou usadas com cautela
Tragédia: Este termo pode ser considerado excessivamente dramático e emocional, evocando uma resposta imediata de choque ou desespero.
Desastre ambiental: Embora descritiva, essa expressão pode ser carregada de conotações negativas e fatalistas, excluindo do contexto as causas reais do problema.
Caos climático: Essa frase pode ser interpretada como alarmista e exagerada, sem transmitir informações claras sobre os eventos climáticos.
Cataclismo: Este termo sugere uma devastação extrema e catastrófica, podendo ser excessivamente dramático.
Nomenclaturas mais apropriadas
Eventos climáticos extremos: Essa expressão descreve de forma mais precisa os fenômenos meteorológicos fora do comum que causam impactos severos.
Situação de emergência climática: Indica a gravidade da situação, sem exageros, e ressalta a necessidade de ações urgentes para lidar com as mudanças climáticas.
Impactos climáticos: Foca nos efeitos concretos das mudanças climáticas sobre a sociedade e o meio ambiente.
Desafios climáticos: Reflete a complexidade dos problemas enfrentados, incentivando uma abordagem proativa para encontrar soluções.
Preparo emocional de jornalistas
Comunicação aberta e apoio mútuo: Promover uma cultura de comunicação aberta onde os jornalistas se sintam à vontade para compartilhar suas preocupações e experiências.
Gerenciamento de carga emocional: Estabelecer políticas claras sobre limites pessoais e tempo de descanso durante coberturas prolongadas ou intensas. Rotacionar equipes para evitar a sobrecarga emocional e física dos jornalistas.
Desinformação e pânico
Evitar a circulação de desinformação e a geração de pânico durante a cobertura de eventos ambientais, como enchentes ou outros desastres naturais, é essencial para fornecer informações precisas e úteis ao público.
Ao cobrir eventos ambientais críticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul ou outros eventos climáticos extremos, é crucial buscar informações de fontes confiáveis e especializadas.
Aqui estão algumas fontes seguras que os jornalistas podem procurar: agências meteorológicas nacionais ou estaduais; Defesa Civil; instituições de pesquisa e acadêmicas; fontes locais e comunitárias; canais de comunicação social que sigam princípios éticos de jornalismo, evitando sensacionalismo e desinformação.
*Jornalista, com MBA em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela FATEC Internacional. Atua como Educadora Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Prefeitura Municipal de Picos – PI). Doutoranda em Comunicação (UFPE).