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IA e jornalismo: entre o otimismo e o medo

Ferramenta que pode substituir ou amplificar o trabalho humano. Entre eficiência e preservação da essência, o futuro depende de escolhas que moldarão a credibilidade e qualidade da informação na era tecnológica.

IA e jornalismo: entre o otimismo e o medo

Ferramenta que pode substituir ou amplificar o trabalho humano. Entre eficiência e preservação da essência, o futuro depende de escolhas que moldarão a credibilidade e qualidade da informação na era tecnológica.

IA e Jornalismo- Se você está ligado à indústria do conteúdo editorial, estar vivendo hoje entre o otimismo e o medo diante da Inteligência Artificial é o novo normal.

Se você não está otimista: pois fique.

Se não está com medo: tem alguma coisa muito errada com você.

Entre os extremos da substituição e da complementaridade, a profissão enfrenta uma encruzilhada decisiva, na qual escolhas estratégicas definirão o futuro da relação entre jornalismo e conteúdos editoriais e tecnologia.

A força substitutiva da IA já é uma realidade em muitas redações. Ferramentas automatizadas, como as usadas pela Press Association no Reino Unido, conseguem produzir centenas de milhares de matérias locais em um curto espaço de tempo. 

Desde 2018, uma equipe de apenas cinco jornalistas, apoiada pela tecnologia RADAR, conseguiu publicar mais de 400.000 notícias locais. 

Com o avanço contínuo da IA generativa, vemos iniciativas como podcasts totalmente automatizados e até ferramentas para redações pequenas gerarem conteúdos antes limitados por falta de recursos humanos. 

Para muitas empresas, essas inovações representam ganhos significativos em eficiência e redução de custos. Contudo, a pergunta que devemos nos fazer é: a eficiência tecnológica pode substituir a essência humana do jornalismo?

No outro extremo, a força complementar da IA apresenta uma visão mais colaborativa. 

Nesse cenário, a tecnologia não substitui os jornalistas, mas amplifica suas capacidades. 

Ferramentas de análise de dados, verificação de fatos e geração de gráficos, como as testadas pela BBC, ajudam a aliviar tarefas repetitivas e permitem que os jornalistas se concentrem em trabalhos mais estratégicos e investigativos.

Um exemplo claro desse uso complementar é a Associated Press, que desenvolveu uma ferramenta para varrer sites de governos locais em busca de pautas relevantes. 

Essa tecnologia libera tempo e energia dos jornalistas, permitindo que eles se dediquem a aprofundar as histórias encontradas. 

Além disso, o surgimento de jornalistas especializados em dados e computação reflete como a tecnologia pode enriquecer o ecossistema jornalístico ao criar novas funções e habilidades.

Apesar das diferenças, a escolha entre os caminhos de substituição ou complementaridade não é binária. 

A experiência dos últimos 20 anos, com a chegada da internet e das redes sociais, nos ensinou que as promessas de salvar ou destruir o jornalismo geralmente se encontram em um ponto intermediário. 

A realidade flutua entre os extremos, e com a IA não será diferente.

O que está em jogo, porém, é o modelo de negócios que prevalecerá. 

O caminho da substituição, com sua promessa de eficiência e redução de custos, parece mais atraente para empresas de mídia focadas no lucro e na escala. 

Já o caminho da complementaridade exige uma visão mais centrada no interesse público, na preservação de empregos humanos e no fortalecimento da qualidade e da diversidade do conteúdo jornalístico.

À medida que nos aproximamos de 2025, o jornalismo enfrenta pressões políticas, econômicas e sociais intensas. Este será o ano em que decisões cruciais deverão ser tomadas. 

As redações que escolherem o caminho da complementaridade precisarão investir em capacitação, cultura organizacional e ferramentas que ampliem o papel humano no processo jornalístico. 

Por outro lado, quem optar pela substituição terá que enfrentar questões éticas e a possível perda de credibilidade junto ao público.

O futuro do jornalismo não depende apenas da tecnologia, mas da maneira como decidimos utilizá-la. 

A IA pode ser uma ferramenta poderosa para potencializar o trabalho dos jornalistas e enriquecer a experiência informativa. Ou pode ser uma solução aparentemente eficiente que, ao eliminar o fator humano, compromete a essência da profissão. 

A escolha, como sempre, estará em nossas mãos.

Pyr Marcondes

Pyr Marcondes

Senior Partner @ Pipeline Capital, Founder CEO da Macuco Tech Ventures, investidor, advisor, autor e palestrante.

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