No dia 19 de novembro, foi lançado no canal do YouTube d’O Eco o Manual para a Cobertura Jornalística dos Desastres Climáticos, um guia criado para aprimorar a abordagem de um dos maiores desafios contemporâneos: a crise climática. Organizado pelas professoras e pesquisadoras Márcia Franz Amaral (UFSM), Eloisa Beling Loose e Ilza Maria Tourinho Girardi (UFRGS), o manual busca fornecer ferramentas práticas e reflexivas para jornalistas e comunicadores enfrentarem a complexidade dos desastres climáticos.
A publicação parte do pressuposto de que desastres não são eventos puramente naturais, mas resultados da interação entre vulnerabilidades sociais e impactos ambientais exacerbados pela ação humana. Segundo as pesquisadoras, a cobertura jornalística desses eventos ainda é superficial, limitada aos momentos de emergência e focada em tragédias isoladas, sem explorar as causas estruturais ou as consequências duradouras.
Esse cenário se agrava em um contexto global onde eventos climáticos extremos, como secas, inundações e furacões, têm se tornado mais frequentes e devastadores. No Brasil, o desastre de 2024 no Rio Grande do Sul, que impactou mais de dois milhões de pessoas e causou 183 mortes, exemplifica essa realidade. O manual propõe uma abordagem contínua e contextualizada para ampliar o entendimento público sobre a crise climática e suas implicações sociais.
Capítulos do manual
A estrutura do manual cobre tópicos relevantes:
- “Para Entender um Desastre”: explora como desastres resultam de interações entre fatores humanos e socioeconômicos, desafiando a narrativa de que são eventos naturais isolados.
- “Dez Tópicos sobre o Sistema de Gestão de Riscos de Desastres no Brasil”: detalha a estrutura do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), abordando monitoramento, alertas, evacuações, voluntariado e liberação de recursos emergenciais.
- “Ciclo de Atenção Jornalística aos Riscos e Desastres”: analisa as etapas da cobertura jornalística, desde a reação imediata até o acompanhamento de longo prazo.
- “Dez Pontos Sensíveis da Cobertura de Desastres Climáticos”: destaca os desafios de selecionar fontes confiáveis, evitar desinformação e integrar interseccionalidades na narrativa.
- “Dez Ideias de Pautas sobre os Desastres”: sugere temas inovadores, como as relações entre desastres e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), saúde pública e a memória coletiva em contextos de tragédia.
O manual ainda apresenta um guia de fontes confiáveis e siglas recorrentes, assegurando precisão nas reportagens sobre mudanças climáticas.
Manual aborda o papel transformador do jornalismo na crise climática
No evento de lançamento, as jornalistas Kelly Matos (Rádio Gaúcha) e Cláudia Gaigher (especialista em socioambiental) reforçaram a necessidade de transversalizar o tema ambiental no jornalismo. Kelly destacou que a cobertura climática deveria estar integrada a outras editorias, como economia e política, dada sua relevância cotidiana. Cláudia enfatizou a importância de fontes confiáveis para informar o público sobre o desequilíbrio climático.
O manual, disponível gratuitamente, não apenas orienta a cobertura jornalística, mas também convida à reflexão sobre o papel do jornalismo na sensibilização da sociedade e na promoção de soluções. Não é apenas um recurso técnico, mas um chamado à ação. Ele desafia jornalistas a repensarem suas práticas e a incorporarem a crise climática como uma pauta central e contínua, conectada às questões sociais e políticas.
Ao incentivar uma cobertura mais qualificada, o manual contribui para o fortalecimento do jornalismo ambiental, essencial para enfrentar os desafios do século XXI e construir um futuro mais informado e sustentável.
A publicação pode ser baixada gratuitamente aqui.
Com informações do Site O Eco